terça-feira, 28 de julho de 2015

001 - Levantando o Astral (ou Renovando o Pacto...)

Olá a tod@s!
Sejam bem-vind@s à minha Filmoteca, um local onde pretendo falar sobre um filme por semana - trocar impressões sobre a Sétima Arte e seus/suas oficiantes, e, talvez, até puxar assuntos outros que a obra em questão puder chamar à minha cachola.
Será que esta nova empreitada perdurará? Ver um filme por semana (até mesmo por dia) é fácil! Agora, discorrer sobre um filme a cada sete dias... Hmmmmmmmm... Não sei - mas se eu não tentar, não saberei jamais, não é, gente? Enfim, espero ter tod@s vocês comigo, por aqui - e também na minha Discoteca e na minha Biblioteca, todas abrindo hoje, também!

Sendo assim, podemos iniciar os trabalhos. Decidi abrir minha Filmoteca com uma memória nada recente e relativamente comprometedora: o primeiro filme que vi no cinema. O título do post já deu alguma pista?

Fonte da imagem: http://filmow.com/

Título: Super Xuxa Contra o Baixo Astral
Distribuição: Columbia Pictures
Produtora: Dreamvision
Data de lançamento: 01/07/1988
Direção: Anna Penido (co-dirigido por David Sonneschein)
Produção: Diler Trindade
Roteiro: Anna Penido, Antônio Calmon
Elenco: Xuxa (Xuxa)
Guilherme Karan (Baixo Astral)
Jonas Torres (Rafa)
Xuxa é uma apresentadora de tv infantil de assombroso sucesso nos anos 1980, com toda a positividade e vários boatos de pacto com o tinhoso alto astral possíveis. Assim, ela influencia positivamente as criancinhas, incentivando-as a pintar muros pichados enquanto tod@s fazem playback de "Arco-Íris". Tanta energia positiva atrapalha todos os planos de Baixo Astral, um ser "do mal" que habita os subterrâneos do Rio de Janeiro da cidade não-nomeada. Então, como vingança, ele planeja aliciar Xuxa para seu Amor, Estranho Amor lado, e para tal, usa de um subterfúgio cruel: sequestrar Xuxo, a marionete de voz chata o cãozinho fofo da Rainha dos Baixinhos. Mas Xuxa é brasileira, é guerreira, e mulher arretada não se rende fácil! Então, ela se abraça com Sandra de Sá seu almofadão falante enorme e se transporta para outra dimensão, onde ela ganhará aliados (como a outra marionete de voz chata lagarta cigana que vira uma borboleta que não voa Xixa), armas e forças para combater o inimigo mortal.
Fonte da imagem: http://www.fotolog.com/xuxameneghel_/

Xuxa mostrando a elasticidade que eu jamais terei - ai, minhas hérnias...
Esta propaganda de noventa minutos Esta obra cinematográfica é uma cópia lambida e descarada inspirada no clássico "Labirinto" e em "Captain EO", com leves pitadas de "A História Sem Fim". A inspiração foi tamanha que eventos, roteiro, personagens e até figurinos se parecem, uma coisa incrível!As atuações são um caso sério: o roteiro é algo tão... tão... "TÃO", que a maioria do elenco parecia estar lá só pra tirar férias ou pelo cachê, mesmo. A atuação de Xuxa não tem muito o que se discutir, é o que é (embora ela tenha prometido algo em "Amor, Estranho Amor"). Já Ismael Jonas Torres fez Bacana virar menino mau.
Fonte da imagem: http://naoentendonadadecinema.blogspot.com.br/

Morcegão, Baixo Astral e Titica tentando dominar a arte de serem maus...
Claro, um parágrafo deve ser separado para dar o devido crédito aos vilões. Paolo Paceli e Roberto Guimarães estão muito engraçados como os asseclas pouco eficientes de grande vilão, e Guilherme Karan simplesmente arrasa no papel de Baixo Astral, e se mostra o tempo inteiro como alguém de outra liga, que leva seu papel e seu ofício a sério, fazendo o melhor com o material que lhe foi dado (em certos momentos, Baixo Astral parece ser Zeca Bordoada alguns tons mais abrandado).
Fonte da imagem: http://www.fotolog.com/freakbubblegirl/

Eu achava a Xixa até charmosa... Agora, sei lá... Ela meio que me dá arrepios!
Uma pesquisa rápida assombra pela quantidade de gente que já era importante no meio artístico (como a grande - e saudosa - Henriqueta Brieba e a pobre Sandra de Sá sub-aproveitada no micoso papel de almofadão - mas a música dela é bela) e, mais ainda, a quantidade de gente que viria a se tornar famosa décadas depois do filme: Luiz Carlos Tourinho, Tuca Andrada e até a internacional Jordana Brewster (embora ela não esteja creditada)! Crianças, querem se tornar alguém no meio artístico, mas sem grandes pressas? Corram atrás de uma ponta no próximo filme da Xuxa!
Fonte da imagem: http://www.xuxa.com/

A capa da trilha sonora - nunca gostei dela...
A trilha sonora está longe de ser ruim. Na verdade, é completamente cult, audível, curtível e saudosista para as crianças que cresceram nos anos 1980 em frente à televisão. O álbum "Super Xuxa Contra o Baixo Astral" é quase um portfólio do trabalho dos então onipresentes compositores-produtores Michael Sullivan e Paulo Massadas. Praticamente todo o seu elenco de artistas está nele - Xuxa (óbvio), Trem da Alegria, Sandra de Sá, Luciano Nassyn, Patrícia Marx, Vanessa (na fase pré-Luan), o próprio Paulo Massadas... e, incrivel, algumas músicas sobreviveram à ação do tempo - é só perguntar aos Culture Rangers!
Fonte da imagem: http://sessaodepropaganda.blogspot.com.br/

O filme é trash até o último centímetro de celulóide, mas foi muito bem pago, tá?
Apesar de tudo, "Super Xuxa" é um filme MUITO CORAJOSO, e eu o aplaudo por isso. O humor, visto duma ótica 2015, é adulto demais para o público-alvo, mas de modo algum é ignóbil, ou mesmo ofensivo aos olhos politicamente corretos de hoje, como, digamos, algum quadro d'Os Trapalhões (OK, há exceção de uma ou duas tiradas do Baixo Astral, mas se um grande vilão não for "Danilo Gentili-mente" ofensivo, ele não é vilão, né?). E o filme passa, também, uma mensagem de tolerância atualíssima e incrível ao abordar um personagem com "tendências" LGBT sendo, a partir de determinado ponto do filme, aceito do jeitinho que é, sem julgamentos. E faz críticas bem mordazes ao complicado mundo dos adultos (corrupção política, burocracia, drogas, meio ambiente, preconceitos de gênero e sociais... cabe tudo nesse filme, até pulgas!), sem didatismo. Em 1988, eu não pensei muito no assunto, embora tenha feito uma ou outra pergunta a dona Sassá. Mas revendo agora, aos 32, fico besta com o teor tão denso vir logo de um "filme da Xuxa".
Fonte da imagem: http://www.youtube.com/

Todo mundo pintando um arco-íris de energia, cheio de alto astral!
Aliás, este filme teve uma pseudo-continuação: o especial para tv "Xuxa Park - O Direito de Ser Feliz", em 1996 - onde Karan novamente incorporou o Baixo Astral num desafio de jogo de dados (e até soltou a voz em sua própria versão de "Arco-Íris").
Em tempo: esta postagem também é uma homenagem ao grande Guilherme Karan, dono de uma galeria invejável de obras e personagens. Infelizmente, o mal que o acometeu e que atingiu também sua mãe e seus irmãos, a doença de Machado-Joseph, não possui cura, nem tratamento, e é extremamente agressivo. Caso ele chegue a ler esta postagem, saiba que eu, como fã, fico muito feliz em ver que ele está saindo de seu exílio auto-imposto e que se recusa a perder sua alegria. Muita força, sempre!

E agora, após uma longa gestação, COMEÇOU! Está aberta a Filmoteca do Tom! Espero que vocês tenham gostado da proposta, e voltem todas as semanas! Não se esqueçam de comentar, pois eu sou muito carente, hein?
Até terça, com o segundo filme!

Fantasporto 1989:
Melhor Filme (Anna Penido) - Vencedores: George A. Romero, por "Instinto Fatal"

4 comentários:

  1. Revivendo a infância com gosto de felicidade, obrigado meu Tom Tom loves forever

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  2. Só você mesmo para me fazer ler a respeito de um filme da Xuxa ¬¬ Mas amigos são assim mesmo. O único filme que gostei dessa mulher foi Lua de Cristal, não me pergunte o motivo hahahahahahaha. Parabéns por todos os espaços.

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  3. Nossa! Voltei ao passado e lembrei a minha infância. Só você mesmo para fazer revivermos esse momento nostálgico. Bjs bjs

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