terça-feira, 25 de agosto de 2015

005 - Eu, Você, Dois Filhos e um Cachorro... Você Quer?

Olá, pessoas! Tudo certinho com todo mundo? Que bom, que bom, que bom!
Como vocês puderam observar, hoje é dia de postagem tanto aqui, na Filmoteca, quanto na Discoteca. Se eu fiquei muito baratinado? Só um pouquinho, quando surgiram materiais novos pra falar que despertaram minha sanha imediatista e tive que rearranjar tudo, a ponto de perceber que o espaço de hoje de um dos blogs estava completamente VAGO, e... Que nada! Eu tenho tudo preparado, gente!
Eu confesso, eu não gosto de ir a casamentos. Acho todos muito compridos e chatos... Gosto da parte boa - comer e beber à vontade NA FESTA! Óbvio, também adoro ver pessoas bêbadas pagando micos nestas festas - mas jamais filmaria alguém, respeito é bom e todo mundo gosta! Por favor, não me desconvidem de seus casamentos...
Não sei casarei, algum dia, também - ouço dona Sassá morrendo em algum lugar... Embora me considere um cara que se compromete com seus relacionamentos, eu acredito piamente em prazo de validade - e fui ensinado que casamento é eterno. Fora bridezillas, monsters-in-law etc. toda a parafernália de coisas que envolve um "evento" como este... Não é para mim - ao menos por agora.
E tudo por culpa deste filme - mentira, eu já tinha isto bem firme na minha mente a muito tempo, mas que esta obra ajudou...

Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Título: Vestido para Casar
Distribuição: Imagem Filmes
Produtora: Raconto Produções e Sophia Filmes
Data de lançamento: 07/08/2014
Direção: Gerson Sanginitto e Paulo Aragão Neto
Produção: Carina Sanginitto e Gerson Sanginitto
Roteiro: Audemir Leuzinger, Cláudio Torres Gonzaga e Celso Taddei
Elenco: Leandro Hassum (Fernando)
Fernanda Rodrigues (Nara)
Renata Dominguez (Valentina)
Marcos Veras (Ceição)
Catarina Abdalla (Nenê)
Tonico Pereira (Belisário)
Júlia Rabello (Letícia)
George Sauma (Pompilho)
André Mattos (Eraldo)
Bem no dia de seu casamento, Fernando rasga sem querer o vestido de alta costura duma ex-BBB qualquer. Os problemas: 1) Valentina, a ex-BBB, é casada com um figurão perigoso e precisa, de qualquer jeito, voltar para casa com o vestido impecável; 2) ela está acompanhada por Ceição, seu amante - que vem a segurança do corno tal figurão; 3) Fernando é um mentiroso patológico; 4) Fernando AINDA É CASADO (e Letícia, a mulher, está louca para que ele assine os papéis do divórcio tem anos); 5) Nara, a noiva, como qualquer moça que não more na mesma cidade que seu noivo (sim, este tipo de situação ainda existe), inventou de trazer a família inteira pro casório (que sem noção, não?); 6) o pai da noiva não vai com a cara de Fernando, nem eu...; e o pior de todos: 7) este filme é uma bomba.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Eu assino os papéis, eu assino!...
Uma pessoa tem um abacaxi desses em mãos - o que fazer? Claro que jogar limpo com a noiva e sua família, pagar o preço do vestido pra fulana e deixar ela se lascar com o marido (afinal, o fato de ela ter um amante não seria sua responsabilidade) não renderiam filme nenhum - no máximo, um curta-metragem sem muita graça. Ainda assim, seria o que EU faria. Mas enfim, Fernando não fez isso, e prefere ceder a ameaças e tomar para si uma responsabilidade que não é sua - sem contar qualquer coisa para sua noiva, apelando para o quê? Quem disser "mentiras", ganha... nada, mas acertou! E é assim que todo o babado e a gritaria toda a confusão se instalam.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Família Buscapé mal reeditada.
O argumento do filme se apóia desde o princípio no absurdo da situação para chamar todo o tipo de situações absurdas a mais para adicionar. Mas, por incrível que pareça, todas são PLAUSÍVEIS embora eu duvide muito que TODAS aconteçam de uma vez só como aqui. O roteiro costura todas bem direitinho, é tudo bem amarrado. Mas não há nada muito inteligente ou novo a oferecer ao espectador. As piadas parecem ser todas bem requentadas de algum humorístico popularesco da tv aberta. Os clichês e tipos caricaturais, também. Os diálogo... oh, Deus, os diálogos...
O elenco deve ter sido MUITO bem recompensado para estar nesse filme, porque além do celulóide, muito talento foi desperdiçado! Difícil pensar em Fernanda Rodrigues e Marcos Veras neste filme por outro motivo que não o "leitinhu das quianssa". Aliás, Rodrigues não funciona como mocinha interiorana, não funciona como noiva de Leandro Hassum, nem como filha de André Mattos. Veras nem porte físico pra segurança, tem, e compromete nas cenas em que ele tem que intimidar Hassum. Mattos, coitado, parece que só tem uma fala repetida ad eternum o filme inteiro. Hassum, aqui, reciclou todo tipo de personagem e tique nervoso que ele já fez na televisão - nadica, nada de novo, e tudo de uma vez (o que chamo de "efeito-Ingrid-Guimarães-De-Pernas-Pro-Ar"). Mas houve quem se salvasse: Renata Dominguez mostrou com sua caipira safada subcelebridade que há mais em seu repertório cênico que as mocinhas das novelas da Record às quais ela estará presa até o fim de seu contrato.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Olha lá! Um roteiro decente! Corre pra pegar, mulher!
Em tempo: depois de dois risos amarelos e algumas fechadas de olho, eu desisti do filme e larguei na altura da segunda festa "invadida". Sequer sei como termina. MiniTom quer as horas perdidas de sua vida de volta - coisa que infelizmente, não posso dar, também quero as minhas. Preciso dizer mais algo?
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Game over! Thanks for playing, try again!

terça-feira, 18 de agosto de 2015

004 - Sendo um pouco do muito de um prazer ao seu dispor...

Olá, pessoal! É muito bom ver vocês por aqui, novamente! Obrigado por ser um@ internauta fiel e estar sempre aqui, a prestigiar nossa Filmoteca!
Fico muito contente em chegar aqui e anunciar que hoje, entrando na quarta postagem, este blog já registra mais de CEM VISUALIZAÇÕES? São mais de trinta visualizações por post! QUÃO INCRÍVEL É ISSO, GENTE? Oro pra que o ritmo continue - ou cresça! Estou adorando conhecer pessoas novas através daqui!
Se eu estou feliz? Claro que estou, que pergunta é esta? Hein? O MiniTom? Aaaaaaaaaah... Não se incomodem com MiniTom. Ele está meio macambúzio, assim, por conta do filme de hoje, bichinho...

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Título: Domingo Maldito
Título Original: Sunday Bloody Sunday
Distribuição: United Artists
Produtora: Vectia Data de lançamento: 01/07/1971
Direção: John Schlesinger
Produção: Joseph Janni, Edward Joseph
Roteiro: Penelope Gilliatt, Ken Levison e David Sherwin
Elenco: Peter Finch (Dr. Daniel Hirsh)
Glenda Jackson (Alex Greville)
Murray Head (Bob Elkin)
Bessie Love (telefonista)
Peggy Ashcroft (Sra. Greville)
Eu sou obrigado a dizer, em primeiro lugar, que este filme me escandalizou - não pelo seu conteúdo, nem pela enorme quantidade de cigarro acesa/inalada/gasta pelos personagens, muito menos por outros motivos que citarei mais embaixo - mas pelo seu figurino. Além de muito feio e de mau gosto (sério, quem veste aquilo, mesmo naquele tempo?), TODOS os personagens têm ao menos uma peça de couro ou de pele no armário, e as usam sem vergonha nenhuma!!! Não sei se deveria me chocar assim, afinal, historicamente, nos anos 1970, "ecologia" era palavra de gente doida; imagine, então, um termo como "maus-tratos a animais"? Ou "indústria fashion animal friendly" (Ei, esperem! Estes dois ainda hoje são termos estranhos no ninho...)? Aliás, nem dá para falar em "crueldade animal" sem lembrar da cena do cachorro no parque e do fato de o filme não possuir aviso de que nenhum animal foi morto ou ferido durante as filmagens - mesmo que houvesse. E o Roger Ebert ainda disse que esse povo é civilizado! Assassinos!...
Mas bem, vamos a esta obra cinematográfica, que nem é estas coisas maravilhosas todas, mas também não é nenhum desastre (quando eu passo por cima dos malditos figurinos).
Fonte da imagem: http://www.amazon.com/

O doutor até que sorri mais quando está na sinagoga.
Daniel Hirsh é um médico judeu quarentão. Alex Greville é uma assistente social nos seus trinta anos da década de 1970 (com todos os poucos prós e muitos contras que estas condições podem conceber). Ambos são pontas de um triângulo amoroso com o jovem escultor Bob Elkin. Daniel sabe de Alex. Alex sabe de Daniel. Daniel e Alex sabem das vidas um do outro e que Bob se encontra com ambos ao mesmo tempo por amigos em comum e pela telefonista futriqueira - mesmo que Bob nada esconda de ninguém. Ainda assim, Daniel e Alex engolem as migalhas aceitam a situação e tentam levar a vida, por puro medo de perder o garanhão o amor do jovem Elkin - que flana entre eles com total liberdade e desapego.
Para Greville, o relacionamento é como um bálsamo pro seu olhar desiludido com a vida - marcada por uma infância psicologicamente difícil, um trabalho que não a satisfaz e um casamento fracassado. Para Hirsh, o relacionamento é uma válvula de escape de sua criação religiosa repressiva e uma provável baixa auto-estima. Ninguém exceto o moçoilo pegador está realmente feliz; ninguém está confortável. Mas logo Alex e Daniel percebem que o gelo em que eles patinam é mais fino e frágil do que eles imaginavam quando Bob decide se mudar de Londres para Nova Iorque. Aí, vem a melosidade do "oh, como posso viver sem você, meu amooooooor?" o drama dos protagonistas, que percebem cada vez mais a finitude a chegar e a necessidade de seguir em frente.
Fonte da imagem: http://screenmusings.org/

Um chazinho gostosinho! Um chazinho gostosinho! Um chazinho gostosinho! Chazinho! Chazinho, chazinho, chazinho! Nham, nham, nham, nham...
E a história do filme é esta, senhoras e senhores! Este é todo o conflito - e, acreditem, tirando toda a gordura, a ação do filme deve durar uns quinze minutos. Mas "Domingo Maldito" não é, realmente, um filme "de ação", no sentido de muitas eventualidades que levem a história à frente - é mais um estudo de pessoas. Penelope Gilliatt tomou todas as páginas do roteiro da película para que a gente CONHEÇA essas pessoas. A pergunta não é "o que acontece com Alex, Daniel e Bob?" - as perguntas são "quem são Alex e Daniel?" e "o que faz Alex e Daniel agirem como agem?". Nenhum personagem é entregue "de cara". Mostrando as rotinas de ambos e seus relacionamentos interpessoais, cada qual tem seus momentos para ter uma ou outra pequena informação sobre si revelada (por exemplo, só descobrimos que Daniel é judeu quando ele comparece a um bar mitzvah lá pro terço final do filme e que Alex já foi casada um dia quando seu ex-marido é citado em uma conversa em outro momento - se você não se atentar para os retratos na casa da mãe dela). E, sendo assim, não há arroubos. Todos são comedidos e comportados, silenciosos - são muitos momentos de silêncio - de raramente expressar de modo aberto suas insatisfações - deve ser isso o que Roger Ebert entendia por "civilidade". Eu imagino todos os personagens vivendo à base de omeprazol em jejum toda manhã (que nem eu - seria eu civilizado, também?).
Fonte da imagem: http://thewildreed.blogspot.com.br/

Bob lançando seu melhor olhar 43...
Este filme apresenta um ponto novo para John Schlesinger. Seu filme anterior é o clássico "Perdidos na Noite", onde os personagens homossexuais são completamente desajustados e/ou alienados. Neste, temos um gay bem-sucedido profissionalmente e sem aparentes problemas com sua sexualidade. Mais que isso: "Domingo Maldito" é libertário por mostrar um relacionamento homossexual - com direito a beijo e sexo - sem fanfarras ou destaque especial, tratado como um relacionamento qualquer (o que realmente é). Para a sua época, especialmente, deve ter sido cercado por escândalo, furor da família tradicional que assiste novela das nove e blablabla whiskas sachet.
A história de Alex, Bob e Daniel é universal - o que evita que o filme se torne muito datado, mas "Domingo Maldito" ainda é uma prova de seu tempo. O tom meio documental de filmagem mostra o grande contexto por trás da história: uma Londres passando por mudanças comportamentais - em pequenos detalhes, como encontrar senhores de terno, chapéu-côco e guarda-chuva saindo do trabalho entre jovens sem gravata e terno, jovens patinando à noite, a rádio e os jornais anunciando uma crise econômica e a agitação dos sindicatos. Esteticamente, os cortes abruptos, os planos pseudoinventivos e até certo descuido, que creio ser proposital (em algumas tomadas, os personagens principais ficam desfocados, e até figurantes passam entre eles e a câmera) - tudo isso atesta o filme como "cria" do período 1968-1972, onde os cineastas jovens pareciam querer quebrar convenções rígidas e apresentar um novo jeito de fazer cinema. A estética "sem frescuras" do filme permeia tudo: dos reflexos da "geração amor livre" a crianças fumando maconha no seio da família - tudo é mostrado sem julgamentos ou o "oh, olha pra isso, que absurdo!" que domina a década 2010-2020. Uma ou outra coisa não deixa de ser chocante em momento algum, mas não parece ter sido esta a real intenção de Schlesinger - ele parece mais interessado em mostrar que são coisas que simplesmente acontecem, e pode ser debaixo dos nossos narizes.
Fonte da imagem: http://cineeterno.com/

Foto de divulgação de novela.
Vejo "Domingo Maldito" quase como um estudo sobre pessoas que se encaixam num quadro pior que o das mal-amadas. Elas NÃO SÃO amadas. E ao menos uma algumas delas sequer possuem amor para oferecer a alguém, quiçá a si mesm@s. A frase final do filme, proferida pelo doutor Hirsh, a quebrar a "quarta parede", evidencia isso.

Uma curiosidade: embora não esteja creditado, "Domingo Maldito" é o filme de estréia de Daniel Day-Lewis! Ele faz uma ponta quase invisível como um delinquente que arranha carros com cacos de vidro.

National Society of Film Critics Awards 1971:
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Roteiro Original (Penelope Gilliatt )
3º Lugar: Melhor Cinematografia (Billy Williams), empatado com Vilmos Zsigmond, por "Onde os Homens São Homens" - Vencedor: Vittorio Storaro, por "O Conformista"
New York Film Critics Circle Awards 1971:
Melhor Roteiro (Penelope Gilliatt ), empatado com Peter Bogdanovich e Larry McMurtry por "A Última Sessão de Cinema"
2º Lugar: Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Golden Globes 1972:
Melhor Filme Estrangeiro em Língua Inglesa (Joseph Janni e Edward Joseph, pela Inglaterra)
Melhor Ator em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Directors' Guild of America Awards 1972:
Melhor Direção Cinematográfica (John Schlesinger) - Vencedor: William Friedkin, por "Operação França"
Writers' Guild of America 1972:
Melhor Drama Escrito Diretamente para Cinema (Penelope Gilliatt )
Writers' Guild of Great Britain 1972:
Melhor Roteiro Original Britânico (Penelope Gilliatt )
Academy Awards 1972:
Melhor Diretor (John Schlesinger) - Vencedor: William Friedkin, por "Operação França"
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Melhor Atriz em Papel Principal (Glenda Jackson) - Vencedora: Jane Fonda, por "Klute, O Passado Condena"
Melhor Roteiro Original (Penelope Gilliatt ) - Vencedor: Paddy Chayefsky, por "Hospital"
BAFTA Awards 1972:
Melhor Filme Britânico (Joseph Janni e Edward Joseph)
Melhor Diretor (John Schlesinger)
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal (Glenda Jackson)
Melhor Edição (Richard Marden)
Melhor Cinematografia (Billy Williams) - Vencedor: Pasqualino De Santis, por "Morte a Veneza"
Melhor Roteiro (Penelope Gilliatt) - Vencedor: Harold Pinter, por "O Mensageiro"
Melhor Trilha Sonora (David Campling, Simon Kaye e Gerry Humphreys) - Vencedores: Vittorio Trentino e Giuseppe Muratori, por "Morte a Veneza"
Premi David di Donatello 1972:
Melhor Diretor Estrangeiro (John Schlesinger)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

003 - Sinto que poderia andar sobre a água...

Olá, pessoas queridas, amadinh@s de Tom!
O que estão achando da Filmoteca? Por favor, comentem, divulguem, dêem um joinha! São vocês que me dão o combustível necessário pra achar que presto como escritor e continuar na blofsfera! AH! Não se esqueçam da Discoteca, tudo direitinho, pra vocês? E da Biblioteca, hein?
Agora, creio que seja hora de todo mundo encarnar a Sheila Mello e virar água, corredeira abaixo Marisa Monte e submergir em seu próprio infinito particular.

Fonte da imagem: http://mobile.shoppingrecife.com.br/

Título: Sangue Azul
Distribuição: IMOVISION
Produtora: Drama Filmes
Data de lançamento: 25/07/2014
Direção: Lírio Ferreira
Produção: Renato Ciasca
Roteiro: Fellipe Gamarano Barbosa, Lírio Ferreira e Sergio Oliveira
Elenco: Daniel de Oliveira (Pedro (Zolah))
Caroline Abras (Raquel)
Sandra Corveloni (Rosa)
Rômulo Braga (Cangulo)
Ruy Guerra (Mubembo)
Paulo César Pereio (Kaleb)
Milhem Cortaz (Inox)
Laura Ramos (Teorema)
Armando Babaioff (Benigno)
Matheus Nachtergaele (Gaetan)
A princípio, imaginei que este fosse um daqueles filmes feitos com a intenção de nausear o espectador - é navegação em alto mar, é gente e câmera dando voltas e voltas e voltas, são objetos girando... Eu quase vomitei junto com o Daniel de Oliveira Meu labirinto estava gritando de horror com menos de dez minutos de película. Creio (espero) eu estar errado, ao ver o restante do filme - embora este tipo de tomadas continuem a se repetir, embora em ritmo menor. "Sangue Azul" começa com uma esfera terço-"O Maior Espetáculo da Terra", terço-"O Mágico de Oz", terço filmografia de Fellini: filmado em preto-e-branco, retratando a trupe do circo enfrentando o mar para chegar a Fernando de Noronha uma ilha “situada entre o Brasil e a África”, onde farão uma temporada. No ápice da sua primeira apresentação na região, o filme ganha cores bem saturadas e fica aparente a desordem que a trupe trará à comunidade.
Fonte da imagem: http://cinema.uol.com.br/

Zolah, o moço do falo de canhão!
O ponto focal de "Sangue Azul" é Pedro - mocinho de Fernando de Noronha da tal ilha “situada entre o Brasil e a África”, que largou tudo ainda criança e foi embora com o circo que fazia ali uma temporada - na verdade, ele não "partiu", ele "foi enviado". Mamãe Rosa o colocou ali, alegando que ele "sempre foi grande demais para esta ilha" (em dez minutos de filme colorido, fica claro que é mentira), e lá permaneceu com a outra filha, Raquel. Pedro viajou o mundo sem pertencer a nada nem ninguém e virou Zolah. Raquel virou uma moça isolada no mundo aquático - tanto que tornou-se instrutora de mergulho. Rosa seguiu sua vidinha "marromeno". E vinte anos depois da partida com Pedro, o Circo Netuno retorna à ilha; agora, com Zolah.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Magia e sedução...
Sempre imaginei Fernando de Noronha como um local sensual, mas é sério que o povo lá só faça sexo o tempo inteiro? QUERO IR PRA LÁ, AGORA!!! A impressão, mesmo, é que todos nesta ilha só pensam "naquilo" - já fazer, parece ser exclusividade do Zolah, o homem-bala do circo, a estrela filha pródiga da terrinha no meio do mar. Nunca vi tanto personagem num filme cuja única função era tirar a roupa e "mandar ver" surgir em cena de sexo, sem uma linha de diálogo. Aliás, todas as cenas de sexo são mecânicas, sem emoção, incômodas de assistir.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Eeeeeu tenho a fooooooorça! Soooooou invencííííííível!...
A ilha, bela como tudo de bom nesta vida, também tem seus mistérios - e acredite, o filme não irá solucionar nenhum deles. E sua beleza também pode esconder uma natureza opressiva, quase que uma pressão paranóide. A trupe do circo Netuno, por inteiro, sente isso. Todos - ilhéus ou não - parecem ceder e desmoronar neste ambiente, alguns ainda mais rapidamente que outros.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Ah, Noronha!...
Em Noronha só tem bebum? O filme deve querer dizer que sim... Está certo, estamos a tratar duma ilha pequena, não deve haver muitas opções de entretenimento, especialmente noturno, mas não creio que a população seja chegada a uma caninha toda santa noite - sempre acompanhada de alguma confusão ou alguma demonstração de paranóia de confinamento. Aliás, a outra atração noturna - o circo - me apresentou um detalhe que me incomodou: à exceção dos palhaços, de Teorema e de Zolah, nenhum dos números foi filmado com a platéia. As filmagens do pessoal nas arquibancadas do circo foram feitas claramente com eles vendo outra coisa - ou nada. Uma pena, pois os números realmente são muito bons (mesmo os feitos pelo elenco "não circense" - vulgo "global"), e os figurinos, espetaculares.
Fonte da imagem: http://g1.globo.com/pernambuco/blog/viver-noronha/

Você viu? Não, mas o filme vai tentar dizer que a gente viu, então, sorria!
Irmãos que se relacionam não sentem qualquer tipo de culpa com o "proibido"? Já bastou ver "Do Começo ao Fim" - ao menos, aqui, a coisa rola mais "real"... Todos (deste lado da "parede" e do outro) sentem que algo pode acontecer - ou já está acontecendo, mas ninguém faz coisa alguma, a não ser uma tentativa patética de dizer "eu te amo", quase que se desculpando por tentar fazer sexo. E a panela de pressão segue com o cozido até muito tarde no filme. Quando finalmente explode, já é muito tarde, e nem há muito celulóide para se fazer qualquer coisa mais com o filme.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Briga de macho é disputa de queda-de-braço!
O filme parece meio que a vida de pessoas deprimidas - é uma dor que simplesmente sentimos doer, sem saber exatamente como nem de onde vem, mas ainda assim, tentamos levar a vida com ela, disfarçando o sofrimento (a gente come, a gente ri, a gente bebe, a gente chora... enfim). Não faz muito sentido, mas é a vida. Ainda assim, isso não quer dizer que eu sempre esteja disposto a ver algo que está simplesmente por estar. Às vezes, algo que nos faça sentido como história (não precisa ser mastigadinho à Hollywood) é tudo o que precisamos pra dar algum sentido à nossa.
Fonte da imagem: http://www.diariodepernambuco.com.br/

Um balé submerso, lindo!
Ao final do filme, eu quebrei a cabeça tentando entender algo, achar alguma poesia, qualquer alento, e não consegui. Só me restou lamentar ver tantas promessas não cumpridas, tanto talento desperdiçado e perceber que a única coisa que cumpriu o que prometeu foi o cenário - Fernando de Noronha é sensacional! Ao menos, não fui eu quem pagou o ingresso! E meu sonho de conhecer Noronha está mais vivo do que nunca!

Festival do Rio 2014:
Melhor Filme
Melhor Diretor (Lírio Ferreira)
Melhor Ator Coadjuvante (Rômulo Braga)
Festival Paulínia de Cinema 2014:
Melhor Fotografia (Mauro Pinheiro Júnior)
Melhor Figurino (Juliana Prysthon)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

002 - Anotações em meu caderno

Olá, pessoas queridas, amadinh@s de Tom!
Que bom que voltaram, esta semana! O que estão achando da Filmoteca? E da Discoteca, tudo direitinho, pra vocês? E da Biblioteca? Prometo que logo, logo, tem post novo por lá, também!
Não estranhem esta inquisição, por favor! Vocês tod@s já haviam sido avisad@s que sou um rapaz bem carente... snif... Tão carente quanto a protagonista do filme de hoje (embora muito menos durão):

Fonte da imagem: http://en.wikipedia.org/

Título: Greta
Título Original: According to Greta
Distribuição: Anchor Bay Entertainment, Whitewater Films
Produtora: Whitewater Films, Rafter H Entertainment, Anchor Bay Films, Greta Productions, West of Midnight
Data de lançamento: 11/12/2009
Data de lançamento (Brasil): 22/09/2012 (canal Boomerang)
Direção: Nancy Bardawil
Produção: Rick Rosenthal, Douglas J. Sutherland, Gary Dean Simpson, Hilary Duff
Roteiro: Michael Gilvary
Elenco: Hilary Duff (Georgiana Evelina "Greta" O'Donnell)
Evan Ross (Julie Robinson)
Michael Murphy (Joseph O'Donnell)
Melissa Leo (Karen O'Donnell-Warner)
Ellen Burstyn (Katherine O'Donnell)
Não sei se algum dia eu saberei a resposta do porquê, mas foi Greta quem criou a Filmoteca do Tom. Assim como ela sempre estava com seu caderninho, a escrever besteira, eu estou quase sempre com meu smartphone na mão, para gravar, fotografar, escrever, postar. Uma coisa foi puxando a outra, e logo a idéia da Filmoteca estava firmada, e as outras trigêmeas, vieram correndo - a Discoteca e a Biblioteca.
Fonte da imagem: http://www.blu-ray.com/

O caderninho de Greta tem um conteúdo literário interessantíssimo...
Enfim, Greta tem um senso de humor, digamos, carbonizado: ela tem uma língua afiadíssima e a mente fixa em idéias perigosas - aí que entra o caderninho, que será a guia do filme. A menina é tão problemática que sua mãe a joga de mala e cuia na casa de vovó Katherine pra passar o verão como última esperança antes dum daqueles "acampamentos reformatórios".
Fonte da imagem: http://www.blu-ray.com/

Passeio familiar - olhem as caras de felicidade!
Katherine é durona, e pouco dada a nonsense, mas bastante afetuosa e preocupada com a neta - o que faz com que as duas fiquem digladiando o tempo inteiro, pra desespero do pobre Joseph, o marido e avô compreensivo - mas não bunda-mole, logo se verá.
Fonte da imagem: http://weheartit.com/

Na falta duma Lambourghini, serve uma bicicleta, mesmo. O importante é chegar em casa!
No meio tempo, Greta consegue um emprego como garçonete, e vira quase uma atração local por ser a única garçonete do local, que é relativamente grande pelas suas tiradas "quase" ofensivas aos clientes e ao patrão - e lá, ele conhece o aspirante a chef Julie - que se interessa por ela, mas logo percebe que virou apenas uma arma na guerra particular de Greta e Katherine (mesmo com o interesse genuíno da garota nele BEM no fundo de suas ações). A partir daí, ele a ensinará a pintar com as cores do vento uma importante lição, que Greta deverá aprender aos poucos, e a duras penas.
Fonte da imagem: http://www.blu-ray.com/

Quem mais anda por aí de vestido de festa? Sim, ela: Greta...
Greta me chamou a atenção não por ser alguém que a gente realmente queira acompanhar ou abraçar e dizer que tudo ficará bem (a bichinha é um traste mal-educado, respondão e irritante até as horas), mas por seu pendor pela escrita e pelos fantasmas que a assombram. Me identifiquei muito nestes aspectos, pois muito pouco se discute a fundo na realidade sobre os efeitos que a depressão pode causar em adolescentes. Quem nunca teve seus fantasmas na vida? Tantos convivem com eles, por aí, aparentemente incapazes (ou sem vontade) de deixá-los partir ou aprender algo realmente útil a partir deles. Na verdade, esta obra também não chega a este ponto, e as soluções ofertadas são fáceis demais, até (para um filme mais barra-pesada aprofundado em angústia juvenil, vejam "Thirteen"), mas a narrativa, ainda assim, é cativante.
Fonte da imagem: http://www.blu-ray.com/

Greta sofre, gente!
Como obra, em si, me pareceu um filme meio Disney Channel, meio artsy-fartsy incompleto: toca em assuntos sérios e profundos, mas não vai fundo neles, como se temesse perder a audiência mais juvenil. Não consigo decidir comigo mesmo se uma estrutura "em cima do muro" é mais benéfica (pode abrir porta para que o público explore mais filmes com os assuntos abordados de maneira mais contundente) ou maléfica (eu fico esperando mais do filme, e os realizadores não têm esta coragem) ao resultado final.
Fonte da imagem: http://www.listal.com/

Não disse que esse filme é artsy-fartsy?
Hillary Duff (mais uma princesinha da Disney), embora muito velha e "bonitinha demais" pro papel, mostra que tem habilidades dramáticas suficientes para jogar com o monstro oscarizado que é Ellen Burstyn sem fazer feio, talvez porque a senhora devia estar lá só pelo cachê e parece estar no piloto automático todo o tempo. Curiosamente, a intérprete da mãe de Greta, Melissa Leo, seria também oscarizada alguns anos após este filme. Talvez a surpresa recaia sobre Evan Ross e Michael Murphy. Os coadjuvantes masculinos nesta guerra de estrogênios seguem o filme inteiro alguns tons abaixo das mulheres com quem eles dividem a tela, mas nada disso é à toa - as estrelas têm que ser elas, e o personagem Joseph especialmente pede este tipo de interpretação. Já Julie foi construído como alguém com uma bagagem que quer-sem-querer esconder, e é na sua sutileza que as melhores coisas são ditas (para mim, as melhores falas de todo o filme são dele, mesmo com toda a acidez da protagonista).
Fonte da imagem: http://www.hilaryone.net/

Neném, mamãe e vovó...
Filmes como Greta me reforçam sempre a idéia de que psicanálise deveria fazer parte da cesta básica populacional! Greta certamente precisa - eu, também.