terça-feira, 27 de outubro de 2015

014 - Morceguinho Quer Cantar, o Rabicho Balançar, Porque Acaba de Nascer...

Olá, pessoa! Bem-vind@ de volta à Filmoteca!
Como estamos? Tudo bem? Espero que sim!
Por aqui, ando numa dúvida cruel, por não ter dinheiro para oferecer um presente decente. Presentes são algo sempre complicado: simplesmente entregar qualquer coisa demonstra sua falta de comprometimento com (ou falta de conhecimento d)@ presentead@. Bem, pela minha vida, eu tenho preferido FAZER presentes para @s querid@s, mas às vezes parece que eu tenho aquela necessidade de comprar algo pelo prazer de dizer "você me é tão importante que eu gastei meu tempo e dinheiro em busca de algo que espero que seja perfeito para você." - será que só eu tenho essa doença?
Esta semana deve haver comemoração aqui em casa, então, creio que a Filmoteca deveria mostrar uma festa legal, também, esta semana, não concordam?
Hmmmmmmmm... Ou será que eu deveria buscar algo mais soturno e voltar ao horror, para o halloween? Seria muito americanizado de minha parte, gente? Bem, não sei. O que sei é que o filme de hoje tem um valor sentimental grande, então é a pedida perfeita para o dia de hoje!
Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://discutindocinema.blogspot.com.br/

Título: A Dança dos Vampiros
Título Original: The Fearless Vampire Killers, or Pardon Me, But Your Teeth Are in My Neck
Distribuição: Metro-Goldwyn-Mayer
Produtora: Cadre Films e Filmways Pictures
Data de lançamento: 02/1967
Direção: Roman Polanski
Produção: Gene Gutowski
Roteiro: Gérard Brach e Roman Polanski
Elenco: Jack MacGowran (Professor Abronsius)
Roman Polanski (Alfred)
Sharon Tate (Sarah Shagal)
Ferdy Mayne (Conde von Krolock)
Iain Quarrier (Herbert von Krolock)
Alfie Bass (Yoine Shagal)
Terry Downes (Koukol)
Jessie Robins (Rebecca Shagal)
Fiona Lewis (Magda)
Vladek Sheybal (voz de Herbert von Krolock)
A senhora minha mãe aniversaria hoje. CAHAM primaveras de sangue fervente, nenhum filtro nos pensamentos e poucas papas na língua. PARABÉNS, MAINHA! TE AMO!!!
Dona Sassá (a senhora minha mãe) vivia a falar sobre um filme de terror que ela assistiu de boa porque não a amedrontou. Tinha muita música, era engraçado e ela assistia com minha avó, dona Nila, todas as vezes que era reprisado na rede Globo. Sempre fiquei relativamente curioso sobre que "filme de terror" seria este, se ela simplesmente se recusa a ver qualquer um. Eis que, semana passada, eu o encontrei na internet: A Dança dos Vampiros. Pois bem: o momento de conhecer está obra era este. E tinha que ser com ela, que tanto falou dele e tanto gosta. Meu presente, já que estou sem dinheiro pra comprar nem uma garrafinha de Leite de Rosas.
A história é engenhosa: o professor Abronsius e seu assistente Alfred, na falta extrema de lavado para fazer em casa, vão para a Transilvânia buscar evidências sobre a existência de vampiros, e acabam fazendo de Sarah, uma garota incrivelmente distraída para alguém criada na Transilvânia inocente e sonhadora, isca para o Conde von Krolock. Por tabela, ainda condenam a uma maldição toda a família da pobre (logo eles, que receberam os dois tão bem...).
Fonte da imagem: http://discutindocinema.blogspot.com.br/

Come on and vogue!...
Depois de conseguir entrar no castelo do Conde, Abronsius e Alfred percebem os preparativos para uma festa que o Conde dará para um monte de vampiros naquela noite. Mas Sarah continua por lá - e, pior, dançando no baile (completamente distraída sobre o perigo que a está cercando). Os dois precisam, então, achar um modo de resgatá-la e cair fora do castelo - pois eles notaram que o baile não possui nenhum aperitivo para servir aos convidados - ó o perigo! A 'Namaria com certeza reprovaria esse baile!
Observando os poucos títulos de sua filmografia que assisti, pude notar que, quando roda comédias (eu assisti "Deus da Carnificina"), Roman Polanski prefere seguir um estilo mais suave de direção e deixar que as entrelinhas entreguem as piadas ou que as situações absurdas falem por si só. aliás, eu não sabia que Polanski também atuava - nem que atuava tão bem! Alfred era o único personagem por quem eu torci o filme todo (mentira, eu torci por um pobre cão, também). A inocência do pobre, além de ser fonte praticamente inesgotável de gags, chega a ser tocante.
Fonte da imagem: http://discutindocinema.blogspot.com.br/

Minha casa tá cheia de alho e crucifixos, mas é o mesmo que nada, né, professor?
Professor Abronsius é um personagem total meio Doutor Chapatin, além de um esnobismo uma atitude condescendente que o tornam um protótipo de Sheldon Cooper ou de meu pai, mas sem o carisma de qualquer um deles. Passei o filme torcendo para que ele se lascasse o mais rápido possível - mas isso não diminui em nada o trabalho de Jack MacGowran: Abronsius foi escrito para ser exatamente assim.
Sharon Tate possui uma presença digna de nomes lendários como Marilyn: basta ela aparecer na tela, e todos os olhares se voltam para ela. Para um ser de presença tão magnética, saber atuar vira mero acessório para o público em geral - para quem quer ser grande, se torna mais que a obrigação, pois sempre haverá a sensação de ter que provar algo a alguém. Sarah certamente não é um papel que sirva para mostrar grandes habilidades dramáticas, mas o sucesso do filme certamente deve ter posto o nome da moça no mapa e a preparado para vôos mais altos. É meio perturbador pensar que não muito tempo após este filme, sua protagonista teria um fim tão macabro. Que Deus a tenha.
Fonte da imagem: http://discutindocinema.blogspot.com.br/

Pode me passar essa esponja, querido? Só vai esfregá-la depois que casarmos, tá?
Roman Polanski teve uma sacada inteligentíssima ao decidir fazer um filme de vampiros. Sua sátira aos clichês de filmes de terror vigentes naquele 1967 pode não ter sido a primeira (nem procurei saber se foi ou não), mas certamente abriu um filão que até hoje perdura. Algumas liberdades tomadas se tornariam corriqueiras com o passar do tempo - o vampiro que entra numa casa sem ser convidado deu espaço para que outro pudesse brilhar no sol, por exemplo. O baile, em si, parece um grande sonho, e é uma cena encantadora, mesmo com a trilha meio macabra.
Claro, nem tudo são bolsas de doação de sangue flores: algumas piadas não funcionam, alguns personagens caíram desnecessariamente na caricatura (como o professor Abronsius e o vampiro Herbert, filho do vampirão) e o pecado maior fica no segundo ato, que defino com as palavras de dona Sassá: "essa parte é chata".
Fonte da imagem: http://discutindocinema.blogspot.com.br/

E aí, gato? Pescocinho lindo...
Eu assisti a uma cópia dublada pela Herbert Richers, o que me fez me sentir muito velho incomodou pela descuido do trabalho. Não que as atuações estivessem ruins, longe disso. A questão, aqui, era que não houve uma atenção apropriada à trilha sonora nem aos efeitos sonoros do filme, e as vozes estavam "limpas" demais. A trilha de Krzysztof Komeda estava desnivelada o filme inteiro. Os sons ambientes eram praticamente inexistentes, mas havia um constante barulho de ar condicionado do estúdio, em todo o filme. Isso acabou por comprometer um pouco a experiência de ver o filme, para mim. Isso sem falar na minha suspeita de que algumas piadas devem ter se perdido na tradução.
Fonte da imagem: http://www.conexaoparis.com.br/

Olá, neném!...
Como comédia, não é tão engraçado. Como terror, não assusta em nada. Mas A Dança dos Vampiros tem um charme todo particular seu: é uma boa "Sessão da Noite", sim. E valeu por vê-lo com minha mãe, ouví-la gargalhar e imaginar minha avó assistindo conosco.
Feliz aniversário, dona Sassá! Já disse que lhe amo?

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