terça-feira, 11 de agosto de 2015

003 - Sinto que poderia andar sobre a água...

Olá, pessoas queridas, amadinh@s de Tom!
O que estão achando da Filmoteca? Por favor, comentem, divulguem, dêem um joinha! São vocês que me dão o combustível necessário pra achar que presto como escritor e continuar na blofsfera! AH! Não se esqueçam da Discoteca, tudo direitinho, pra vocês? E da Biblioteca, hein?
Agora, creio que seja hora de todo mundo encarnar a Sheila Mello e virar água, corredeira abaixo Marisa Monte e submergir em seu próprio infinito particular.

Fonte da imagem: http://mobile.shoppingrecife.com.br/

Título: Sangue Azul
Distribuição: IMOVISION
Produtora: Drama Filmes
Data de lançamento: 25/07/2014
Direção: Lírio Ferreira
Produção: Renato Ciasca
Roteiro: Fellipe Gamarano Barbosa, Lírio Ferreira e Sergio Oliveira
Elenco: Daniel de Oliveira (Pedro (Zolah))
Caroline Abras (Raquel)
Sandra Corveloni (Rosa)
Rômulo Braga (Cangulo)
Ruy Guerra (Mubembo)
Paulo César Pereio (Kaleb)
Milhem Cortaz (Inox)
Laura Ramos (Teorema)
Armando Babaioff (Benigno)
Matheus Nachtergaele (Gaetan)
A princípio, imaginei que este fosse um daqueles filmes feitos com a intenção de nausear o espectador - é navegação em alto mar, é gente e câmera dando voltas e voltas e voltas, são objetos girando... Eu quase vomitei junto com o Daniel de Oliveira Meu labirinto estava gritando de horror com menos de dez minutos de película. Creio (espero) eu estar errado, ao ver o restante do filme - embora este tipo de tomadas continuem a se repetir, embora em ritmo menor. "Sangue Azul" começa com uma esfera terço-"O Maior Espetáculo da Terra", terço-"O Mágico de Oz", terço filmografia de Fellini: filmado em preto-e-branco, retratando a trupe do circo enfrentando o mar para chegar a Fernando de Noronha uma ilha “situada entre o Brasil e a África”, onde farão uma temporada. No ápice da sua primeira apresentação na região, o filme ganha cores bem saturadas e fica aparente a desordem que a trupe trará à comunidade.
Fonte da imagem: http://cinema.uol.com.br/

Zolah, o moço do falo de canhão!
O ponto focal de "Sangue Azul" é Pedro - mocinho de Fernando de Noronha da tal ilha “situada entre o Brasil e a África”, que largou tudo ainda criança e foi embora com o circo que fazia ali uma temporada - na verdade, ele não "partiu", ele "foi enviado". Mamãe Rosa o colocou ali, alegando que ele "sempre foi grande demais para esta ilha" (em dez minutos de filme colorido, fica claro que é mentira), e lá permaneceu com a outra filha, Raquel. Pedro viajou o mundo sem pertencer a nada nem ninguém e virou Zolah. Raquel virou uma moça isolada no mundo aquático - tanto que tornou-se instrutora de mergulho. Rosa seguiu sua vidinha "marromeno". E vinte anos depois da partida com Pedro, o Circo Netuno retorna à ilha; agora, com Zolah.
Fonte da imagem: http://www.adorocinema.com/

Magia e sedução...
Sempre imaginei Fernando de Noronha como um local sensual, mas é sério que o povo lá só faça sexo o tempo inteiro? QUERO IR PRA LÁ, AGORA!!! A impressão, mesmo, é que todos nesta ilha só pensam "naquilo" - já fazer, parece ser exclusividade do Zolah, o homem-bala do circo, a estrela filha pródiga da terrinha no meio do mar. Nunca vi tanto personagem num filme cuja única função era tirar a roupa e "mandar ver" surgir em cena de sexo, sem uma linha de diálogo. Aliás, todas as cenas de sexo são mecânicas, sem emoção, incômodas de assistir.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Eeeeeu tenho a fooooooorça! Soooooou invencííííííível!...
A ilha, bela como tudo de bom nesta vida, também tem seus mistérios - e acredite, o filme não irá solucionar nenhum deles. E sua beleza também pode esconder uma natureza opressiva, quase que uma pressão paranóide. A trupe do circo Netuno, por inteiro, sente isso. Todos - ilhéus ou não - parecem ceder e desmoronar neste ambiente, alguns ainda mais rapidamente que outros.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Ah, Noronha!...
Em Noronha só tem bebum? O filme deve querer dizer que sim... Está certo, estamos a tratar duma ilha pequena, não deve haver muitas opções de entretenimento, especialmente noturno, mas não creio que a população seja chegada a uma caninha toda santa noite - sempre acompanhada de alguma confusão ou alguma demonstração de paranóia de confinamento. Aliás, a outra atração noturna - o circo - me apresentou um detalhe que me incomodou: à exceção dos palhaços, de Teorema e de Zolah, nenhum dos números foi filmado com a platéia. As filmagens do pessoal nas arquibancadas do circo foram feitas claramente com eles vendo outra coisa - ou nada. Uma pena, pois os números realmente são muito bons (mesmo os feitos pelo elenco "não circense" - vulgo "global"), e os figurinos, espetaculares.
Fonte da imagem: http://g1.globo.com/pernambuco/blog/viver-noronha/

Você viu? Não, mas o filme vai tentar dizer que a gente viu, então, sorria!
Irmãos que se relacionam não sentem qualquer tipo de culpa com o "proibido"? Já bastou ver "Do Começo ao Fim" - ao menos, aqui, a coisa rola mais "real"... Todos (deste lado da "parede" e do outro) sentem que algo pode acontecer - ou já está acontecendo, mas ninguém faz coisa alguma, a não ser uma tentativa patética de dizer "eu te amo", quase que se desculpando por tentar fazer sexo. E a panela de pressão segue com o cozido até muito tarde no filme. Quando finalmente explode, já é muito tarde, e nem há muito celulóide para se fazer qualquer coisa mais com o filme.
Fonte da imagem: http://www.festivaldorio.com.br/

Briga de macho é disputa de queda-de-braço!
O filme parece meio que a vida de pessoas deprimidas - é uma dor que simplesmente sentimos doer, sem saber exatamente como nem de onde vem, mas ainda assim, tentamos levar a vida com ela, disfarçando o sofrimento (a gente come, a gente ri, a gente bebe, a gente chora... enfim). Não faz muito sentido, mas é a vida. Ainda assim, isso não quer dizer que eu sempre esteja disposto a ver algo que está simplesmente por estar. Às vezes, algo que nos faça sentido como história (não precisa ser mastigadinho à Hollywood) é tudo o que precisamos pra dar algum sentido à nossa.
Fonte da imagem: http://www.diariodepernambuco.com.br/

Um balé submerso, lindo!
Ao final do filme, eu quebrei a cabeça tentando entender algo, achar alguma poesia, qualquer alento, e não consegui. Só me restou lamentar ver tantas promessas não cumpridas, tanto talento desperdiçado e perceber que a única coisa que cumpriu o que prometeu foi o cenário - Fernando de Noronha é sensacional! Ao menos, não fui eu quem pagou o ingresso! E meu sonho de conhecer Noronha está mais vivo do que nunca!

Festival do Rio 2014:
Melhor Filme
Melhor Diretor (Lírio Ferreira)
Melhor Ator Coadjuvante (Rômulo Braga)
Festival Paulínia de Cinema 2014:
Melhor Fotografia (Mauro Pinheiro Júnior)
Melhor Figurino (Juliana Prysthon)

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