terça-feira, 18 de agosto de 2015

004 - Sendo um pouco do muito de um prazer ao seu dispor...

Olá, pessoal! É muito bom ver vocês por aqui, novamente! Obrigado por ser um@ internauta fiel e estar sempre aqui, a prestigiar nossa Filmoteca!
Fico muito contente em chegar aqui e anunciar que hoje, entrando na quarta postagem, este blog já registra mais de CEM VISUALIZAÇÕES? São mais de trinta visualizações por post! QUÃO INCRÍVEL É ISSO, GENTE? Oro pra que o ritmo continue - ou cresça! Estou adorando conhecer pessoas novas através daqui!
Se eu estou feliz? Claro que estou, que pergunta é esta? Hein? O MiniTom? Aaaaaaaaaah... Não se incomodem com MiniTom. Ele está meio macambúzio, assim, por conta do filme de hoje, bichinho...

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Título: Domingo Maldito
Título Original: Sunday Bloody Sunday
Distribuição: United Artists
Produtora: Vectia Data de lançamento: 01/07/1971
Direção: John Schlesinger
Produção: Joseph Janni, Edward Joseph
Roteiro: Penelope Gilliatt, Ken Levison e David Sherwin
Elenco: Peter Finch (Dr. Daniel Hirsh)
Glenda Jackson (Alex Greville)
Murray Head (Bob Elkin)
Bessie Love (telefonista)
Peggy Ashcroft (Sra. Greville)
Eu sou obrigado a dizer, em primeiro lugar, que este filme me escandalizou - não pelo seu conteúdo, nem pela enorme quantidade de cigarro acesa/inalada/gasta pelos personagens, muito menos por outros motivos que citarei mais embaixo - mas pelo seu figurino. Além de muito feio e de mau gosto (sério, quem veste aquilo, mesmo naquele tempo?), TODOS os personagens têm ao menos uma peça de couro ou de pele no armário, e as usam sem vergonha nenhuma!!! Não sei se deveria me chocar assim, afinal, historicamente, nos anos 1970, "ecologia" era palavra de gente doida; imagine, então, um termo como "maus-tratos a animais"? Ou "indústria fashion animal friendly" (Ei, esperem! Estes dois ainda hoje são termos estranhos no ninho...)? Aliás, nem dá para falar em "crueldade animal" sem lembrar da cena do cachorro no parque e do fato de o filme não possuir aviso de que nenhum animal foi morto ou ferido durante as filmagens - mesmo que houvesse. E o Roger Ebert ainda disse que esse povo é civilizado! Assassinos!...
Mas bem, vamos a esta obra cinematográfica, que nem é estas coisas maravilhosas todas, mas também não é nenhum desastre (quando eu passo por cima dos malditos figurinos).
Fonte da imagem: http://www.amazon.com/

O doutor até que sorri mais quando está na sinagoga.
Daniel Hirsh é um médico judeu quarentão. Alex Greville é uma assistente social nos seus trinta anos da década de 1970 (com todos os poucos prós e muitos contras que estas condições podem conceber). Ambos são pontas de um triângulo amoroso com o jovem escultor Bob Elkin. Daniel sabe de Alex. Alex sabe de Daniel. Daniel e Alex sabem das vidas um do outro e que Bob se encontra com ambos ao mesmo tempo por amigos em comum e pela telefonista futriqueira - mesmo que Bob nada esconda de ninguém. Ainda assim, Daniel e Alex engolem as migalhas aceitam a situação e tentam levar a vida, por puro medo de perder o garanhão o amor do jovem Elkin - que flana entre eles com total liberdade e desapego.
Para Greville, o relacionamento é como um bálsamo pro seu olhar desiludido com a vida - marcada por uma infância psicologicamente difícil, um trabalho que não a satisfaz e um casamento fracassado. Para Hirsh, o relacionamento é uma válvula de escape de sua criação religiosa repressiva e uma provável baixa auto-estima. Ninguém exceto o moçoilo pegador está realmente feliz; ninguém está confortável. Mas logo Alex e Daniel percebem que o gelo em que eles patinam é mais fino e frágil do que eles imaginavam quando Bob decide se mudar de Londres para Nova Iorque. Aí, vem a melosidade do "oh, como posso viver sem você, meu amooooooor?" o drama dos protagonistas, que percebem cada vez mais a finitude a chegar e a necessidade de seguir em frente.
Fonte da imagem: http://screenmusings.org/

Um chazinho gostosinho! Um chazinho gostosinho! Um chazinho gostosinho! Chazinho! Chazinho, chazinho, chazinho! Nham, nham, nham, nham...
E a história do filme é esta, senhoras e senhores! Este é todo o conflito - e, acreditem, tirando toda a gordura, a ação do filme deve durar uns quinze minutos. Mas "Domingo Maldito" não é, realmente, um filme "de ação", no sentido de muitas eventualidades que levem a história à frente - é mais um estudo de pessoas. Penelope Gilliatt tomou todas as páginas do roteiro da película para que a gente CONHEÇA essas pessoas. A pergunta não é "o que acontece com Alex, Daniel e Bob?" - as perguntas são "quem são Alex e Daniel?" e "o que faz Alex e Daniel agirem como agem?". Nenhum personagem é entregue "de cara". Mostrando as rotinas de ambos e seus relacionamentos interpessoais, cada qual tem seus momentos para ter uma ou outra pequena informação sobre si revelada (por exemplo, só descobrimos que Daniel é judeu quando ele comparece a um bar mitzvah lá pro terço final do filme e que Alex já foi casada um dia quando seu ex-marido é citado em uma conversa em outro momento - se você não se atentar para os retratos na casa da mãe dela). E, sendo assim, não há arroubos. Todos são comedidos e comportados, silenciosos - são muitos momentos de silêncio - de raramente expressar de modo aberto suas insatisfações - deve ser isso o que Roger Ebert entendia por "civilidade". Eu imagino todos os personagens vivendo à base de omeprazol em jejum toda manhã (que nem eu - seria eu civilizado, também?).
Fonte da imagem: http://thewildreed.blogspot.com.br/

Bob lançando seu melhor olhar 43...
Este filme apresenta um ponto novo para John Schlesinger. Seu filme anterior é o clássico "Perdidos na Noite", onde os personagens homossexuais são completamente desajustados e/ou alienados. Neste, temos um gay bem-sucedido profissionalmente e sem aparentes problemas com sua sexualidade. Mais que isso: "Domingo Maldito" é libertário por mostrar um relacionamento homossexual - com direito a beijo e sexo - sem fanfarras ou destaque especial, tratado como um relacionamento qualquer (o que realmente é). Para a sua época, especialmente, deve ter sido cercado por escândalo, furor da família tradicional que assiste novela das nove e blablabla whiskas sachet.
A história de Alex, Bob e Daniel é universal - o que evita que o filme se torne muito datado, mas "Domingo Maldito" ainda é uma prova de seu tempo. O tom meio documental de filmagem mostra o grande contexto por trás da história: uma Londres passando por mudanças comportamentais - em pequenos detalhes, como encontrar senhores de terno, chapéu-côco e guarda-chuva saindo do trabalho entre jovens sem gravata e terno, jovens patinando à noite, a rádio e os jornais anunciando uma crise econômica e a agitação dos sindicatos. Esteticamente, os cortes abruptos, os planos pseudoinventivos e até certo descuido, que creio ser proposital (em algumas tomadas, os personagens principais ficam desfocados, e até figurantes passam entre eles e a câmera) - tudo isso atesta o filme como "cria" do período 1968-1972, onde os cineastas jovens pareciam querer quebrar convenções rígidas e apresentar um novo jeito de fazer cinema. A estética "sem frescuras" do filme permeia tudo: dos reflexos da "geração amor livre" a crianças fumando maconha no seio da família - tudo é mostrado sem julgamentos ou o "oh, olha pra isso, que absurdo!" que domina a década 2010-2020. Uma ou outra coisa não deixa de ser chocante em momento algum, mas não parece ter sido esta a real intenção de Schlesinger - ele parece mais interessado em mostrar que são coisas que simplesmente acontecem, e pode ser debaixo dos nossos narizes.
Fonte da imagem: http://cineeterno.com/

Foto de divulgação de novela.
Vejo "Domingo Maldito" quase como um estudo sobre pessoas que se encaixam num quadro pior que o das mal-amadas. Elas NÃO SÃO amadas. E ao menos uma algumas delas sequer possuem amor para oferecer a alguém, quiçá a si mesm@s. A frase final do filme, proferida pelo doutor Hirsh, a quebrar a "quarta parede", evidencia isso.

Uma curiosidade: embora não esteja creditado, "Domingo Maldito" é o filme de estréia de Daniel Day-Lewis! Ele faz uma ponta quase invisível como um delinquente que arranha carros com cacos de vidro.

National Society of Film Critics Awards 1971:
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Roteiro Original (Penelope Gilliatt )
3º Lugar: Melhor Cinematografia (Billy Williams), empatado com Vilmos Zsigmond, por "Onde os Homens São Homens" - Vencedor: Vittorio Storaro, por "O Conformista"
New York Film Critics Circle Awards 1971:
Melhor Roteiro (Penelope Gilliatt ), empatado com Peter Bogdanovich e Larry McMurtry por "A Última Sessão de Cinema"
2º Lugar: Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Golden Globes 1972:
Melhor Filme Estrangeiro em Língua Inglesa (Joseph Janni e Edward Joseph, pela Inglaterra)
Melhor Ator em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Directors' Guild of America Awards 1972:
Melhor Direção Cinematográfica (John Schlesinger) - Vencedor: William Friedkin, por "Operação França"
Writers' Guild of America 1972:
Melhor Drama Escrito Diretamente para Cinema (Penelope Gilliatt )
Writers' Guild of Great Britain 1972:
Melhor Roteiro Original Britânico (Penelope Gilliatt )
Academy Awards 1972:
Melhor Diretor (John Schlesinger) - Vencedor: William Friedkin, por "Operação França"
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch) - Vencedor: Gene Hackman, por "Operação França"
Melhor Atriz em Papel Principal (Glenda Jackson) - Vencedora: Jane Fonda, por "Klute, O Passado Condena"
Melhor Roteiro Original (Penelope Gilliatt ) - Vencedor: Paddy Chayefsky, por "Hospital"
BAFTA Awards 1972:
Melhor Filme Britânico (Joseph Janni e Edward Joseph)
Melhor Diretor (John Schlesinger)
Melhor Ator em Papel Principal (Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal (Glenda Jackson)
Melhor Edição (Richard Marden)
Melhor Cinematografia (Billy Williams) - Vencedor: Pasqualino De Santis, por "Morte a Veneza"
Melhor Roteiro (Penelope Gilliatt) - Vencedor: Harold Pinter, por "O Mensageiro"
Melhor Trilha Sonora (David Campling, Simon Kaye e Gerry Humphreys) - Vencedores: Vittorio Trentino e Giuseppe Muratori, por "Morte a Veneza"
Premi David di Donatello 1972:
Melhor Diretor Estrangeiro (John Schlesinger)

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Tá aqui, melbéim!
      https://m.youtube.com/watch?v=aKZtcHmMIR4
      Enjoy!😘

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  2. Tu odiaste, mas eu fiquei bem interessada.
    É capaz que eu goste, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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    1. Ei, eu não odiei nada! Eu apenas fiquei enfadado, como um condenado a assistir uma novela de Manoel Carlos condensada em duas horas. Kkkkkkkkkkkkk

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  3. Respostas
    1. Tá aqui o link, Dani!
      https://m.youtube.com/watch?v=aKZtcHmMIR4
      Divirta-se!

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