Olá, amadinh@s de Tom! Como estamos tod@s?
Lá em mil-novecentos-e-oitenta-e-lá-vai-bolinha, os
Titãs disseram que a televisão nos deixa "burr@s" demais. MiniTom, quando sair desse estado
sitting dead de transe, talvez concorde (ou não). Eu, pessoalmente, discordo. Primeiro, porque isso é uma ofensa aos pobres
Equus asinus, que
são animais inteligentíssimos. Segundo, porque eles atribuíram à pobre televisão uma característica que a tira de seus
status primordial: o de FERRAMENTA.
Televisão, assim como a internet, são meras ferramentas que devem ser utilizadas para facilitar o nosso dia-a-dia. Não mais que isso! Se precisamos de entretenimento puro, há centenas de opções de programas para isso; se precisamos nos informar sobre o que acontece no mundo, a televisão (supostamente) nos oferece uma nesga de visão sobre os eventos mais recentes; se precisamos aprender, há uma série de programas que se pretendem educativos. Mas isso não quer dizer em absoluto que a televisão deva ser nossa babá. Somos NÓS que devemos decidir O QUE VER ou mesmo SE VER. Quem nos estupidifica somos nós mesmos, mesmo com os esforços de outr@s que possuem o poder de decisão sobre o que vai ao ar!
Mas sigamos ao filme de hoje, sim?
Após
um triste episódio envolvendo a jornalista Christine Chubbuck e a notícia de que um grande grupo estaria em negociações para comprar a rede
ABC, Paddy Chayefsky refletiu que uma vez que uma corporação mundial ganhe controle sobre uma emissora, ela pode tentar fazer do setor de jornalismo algo rentável, habilitando-a a degradar as notícias e transformá-las em entretenimento e que a emissora se encontraria num processo de "tudo pela audiência" em busca de lucros com patrocinadores. Nascia ali
"Rede de Intrigas".
Howard Beale, âncora do telejornal da United Broadcast System, é demitido por estar "ficando velho". Ele, então, anuncia aos telespectadores - com várias tiradas raivosas sobre o estado do mundo - sua intenção de se suicidar em seu programa final. Com o estouro da audiência, a emissora parece lhe dar um novo valor e incentivar seu comportamento cada vez mais surtado, revogando sua demissão e lhe dando um novo programa e o apelido "O Profeta Louco da Televisão".
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/
"Eu estou louco da vida, e não vou aturar mais isso!"
Diana Christensen é uma
quenga de marca maior ambiciosa chefe de programação que enxerga em Beale o trampolim para levar a emissora ao primeiro lugar em audiência. Logo convence o
escroto escudeiro da corporação na emissora, Frank Hackett, a transformar
o corte final o evento num especial televisivo. Mas, quando Beale instiga seus telespectadores a irem às suas janelas e gritar o mais alto possível "Eu estou louco da vida, e não vou aturar mais isso!", todo o jogo muda - o que o torna a personalidade televisiva mais quente dos Estados Unidos, e Diana se tornou a galinha dos ovos de ouro da emissora. Ela planeja tornar o noticiário noturno puro entretenimento (com uma vidente e tudo o mais), num programa construído em torno dos rompantes de Howard: "A Hora de Beale".
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/
É hora do "Show do Mao Tse-Tung"! Soltem os doidos e bora filmar sangue!
Max Schumacher, chefe do departamento de jornalismo da emissora e melhor amigo de Howard, é forçado a lhe dar a notícia de sua demissão, e tem sua posição comprometida com a exposição negativa da emissora que Beale trouxe com suas tiradas. Com o "renascimento" do âncora nas graças da audiência, Max percebe a necessidade de tratamento de seu amigo e se recusa a explorá-lo - e sofre a puxada de tapete final. O mesmo compasso moral que o impediu de explorar Beale não funciona quando ele resolve
se encangar ter um caso justamente com quem lhe puxou o tapete: Diana - e até larga a família por ela.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/
Sou o marido traidor, mas vou voltar pra minha mulher porque a audiência não permite que a Tradicional Família seja destruída!
"Rede de Intrigas" é um filme não de Sidney Lumet ou da United Artists, mas de Paddy Chayefsky - o cartaz e os créditos do filme deixam claro. Não é à toa: ele estava no
set todos os dias e ia aos estúdios de telejornais toda noite para assegurar que os atores pudessem dizer da maneira exata o que ele havia escrito no roteiro - logo, como numa peça teatral, ele assumiu o crédito pela película e diretor e produtores não tiveram outra opção que não concordar. O resultado final fez de Chayefsky a única pessoa a ganhar três Oscars de Melhor Roteiro sozinho (os outros que também ganharam três estatuetas as dividiram com co-roteiristas).
Com toda a interferência e controle de Chayefsky, Sidney Lumet parece mais ser diretor apenas de título - mas não creio que, neste caso, seja algo que o incomode, visto que ele e Chayefsky eram muito amigos e ambos começaram na televisão. De qualquer modo, ele é um diretor que meio que "se adapta" às suas obras, tal qual um camaleão. Antes deste, Lumet já havia feito "Serpico", "Assassinato no Orient Express" e "Um Dia de Cão" - mostrando seu maior foco nas histórias dos personagens, mais que em estilos visuais, gêneros ou algo que se identifique como "filme de Sidney Lumet" - no máximo, a maioria deles se passa na cidade de Nova Iorque.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/
Eu ganhei a parada, seu fidapextx! Agora, suma da minha tevê!
O elenco formou um conjunto que dificilmente haverá outro igual. Um grupo de atores que conseguem ser engraçados sem precisar tentar ser comediantes. Peter Finch, mostrando ser um ator destemido e de grande alcance dramático, ganhou o papel da sua vida (e que ironicamente viria a ser seu último - ele faleceu de ataque cardíaco menos de dois meses após o lançamento de
"Rede de Intrigas") no histérico Howard Beale - que não poderia ser mais diferente do contido
dr. Hirsh de "Domingo Maldito" - e ganhando merecidamente por ele o Oscar de Ator Principal (o primeiro Oscar póstumo entregue para uma categoria de interpretação). Faye Dunaway dominou o filme (sinto muito, Finch) como a sedutora sem alma nem coração e levou a estatueta de Atriz Principal para casa (francamente, acho que Sissy Spacek ou Liv Ulmann deveriam ter ganho). E terceira estatueta de atuação foi para Beatrice Straight - como digníssima esposa de Max - para Atriz Coadjuvante (foi boa, sim, mas Piper Laurie fez um trabalho muito melhor), em uma das performances de tempo de tela mais curtos da história a ganhar um prêmio. Robert Duvall faz de Hackett o maior pé-no-saco da história do cinema (juro, eu queria socá-lo desde o décimo segundo dele na tela). William Holden, também indicado a Melhor Ator Principal, dá uma ótima interpretação de andropausa, parecendo alienado e triste por toda parte. Ned Beatty também ganhou uma indicação para Ator Coadjuvante como o presidente da corporação, Sr. Jensen, que lança um descontrolado Beale em seu próprio evangelho, numa participação ainda mais curta que a de Straight.
Fonte da imagem: http://thisdistractedglobe.com/
As nações de hoje são IBM, ITT, AT&T, Dupont, Dow, Union Carbide e Exxon! Cai na prova de Geografia, então, estude!
Eu adoro este filme. De verdade. O humor negro, a metalinguagem e a sátira me atraem, e a película oferece tudo isto num pacote só, nas doses certas. A sátira mordaz da "TV Mundo Cão" que é
"Rede de Intrigas" parece ficar cada vez mais relevante - e profética - a cada ano que passa. Paddy Chayefsky enxergou longe a direção que fomos tomando - pena
ou sorte que ele não viveu para ver - até a era globalizada (ou, como prega o presidente da corporação a Beale, "uma vasta e gloriosa companhia ecumênica"). Uma era onde corporações mundiais hoje tomam conta de grandes emissoras televisivas, radiofônicas e até da mídia impressa. Onde não existe, mais, uma linha clara separando jornalismo de entretenimento (não que isso seja algo propriamente ruim) e, neste 2015, é possível ver as táticas pesadas de manipulação populacional (comentaristas pregam suas próprias versões das notícias sem nenhum disfarce da sua parcialidade,
matérias sendo editadas ao bel-prazer de quem comandar a bagaça) por parte destas empresas, desde a proliferação de
reality shows pelas grades de programação até mesmo a
exploração nada velada da miséria humana para puro entretenimento. O que falta fazer por audiência, mesmo, é matar alguém ao vivo na televisão (
OPS...). O pavor é descobrir que Howard Beale viria a existir de verdade em poucos anos e se espalhar pelas redes televisivas mundiais. O que será de nós, mais para a frente?
Los Angeles Film Critics Association Awards 1976:
Melhor Filme (
Howard Gottfried), empatado com
Irwin Winkler e
Robert Chartoff, por
"Rocky: Um Lutador"
Melhor Diretor (
Sidney Lumet)
Melhor Roteiro (
Paddy Chayefsky)
Kansas City Film Critics Circle Awards 1976:
Melhor Atriz em Papel Principal num Filme Cinematográfico (
Faye Dunaway)
USA National Board of Review 1976:
2º Lugar: Top10 Filmes (
Howard Gottfried) - Vencedor:
Walter Coblenz, por
"Todos os Homens do Presidente"
National Society of Film Critics Awards 1977:
2º Lugar: Melhor Atriz em Papel Principal (
Faye Dunaway) - Vencedora:
Diane Keaton, por
"Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
2º Lugar: Melhor Ator em Papel Principal (
William Holden), empatado com
Gérard Depardieu por
"A Última Mulher" - Vencedor:
Art Carney, por
"A Última Investigação"
2º Lugar: Melhor Roteiro (
Paddy Chayefsky) Vencedores:
Marshall Brickman e
Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
3º Lugar: Melhor Ator em Papel Coadjuvante (
Robert Duvall ), também por
"The Seven-Per-Cent Solution" - Vencedor:
Edward Fox, por
"Uma Ponte Longe Demais"
Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films 1977:
Melhor Filme Cinematográfico - Drama (
Howard Gottfried) - Vencedores:
Hugh Benson e
Saul David, por
"Fuga no Século 23"
Golden Globes 1977:
Melhor Ator em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (
Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal num Filme Cinematográfico - Drama (
Faye Dunaway)
Melhor Diretor de Filme Cinematográfico (
Sidney Lumet)
Melhor Roteiro de Filme Cinematográfico (
Paddy Chayefsky)
Melhor Filme Cinematográfico - Drama (
Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
New York Film Critics Circle Awards 1977:
Melhor Roteiro (
Paddy Chayefsky)
2º Lugar: Melhor Atriz em Papel Principal (
Faye Dunaway) - Vencedora: Diane Keaton, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
2º Lugar: Melhor Filme (
Howard Gottfried) - Vencedor:
Charles H. Joffe, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
American Cinema Editors Award 1977:
Melhor Montagem de Filme Cinematográfico (
Alan Heim) - Vencedores:
Richard Halsey e
Scott Conrad, por "Rocky: Um Lutador"
Directors' Guild of America Awards 1977:
Melhor Direção Cinematográfica (
Sidney Lumet) - Vencedor:
John G. Avildsen, por "Rocky: Um Lutador"
Writers' Guild of America 1977:
Melhor Drama Escrito Diretamente para Cinema (
Paddy Chayefsky)
Academy Awards 1977:
Melhor Ator em Papel Principal (
Peter Finch)
Melhor Atriz em Papel Principal (
Faye Dunaway)
Melhor Atriz em Papel Coadjuvante (
Beatrice Straight)
Melhor Roteiro Original (
Paddy Chayefsky)
Melhor Filme (
Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
Melhor Ator em Papel Principal (
William Holden) - Vencedor: Peter Finch, por "Rede de Intrigas"
Melhor Diretor (
Sidney Lumet) - Vencedor: John G. Avildsen, por "Rocky: Um Lutador"
Melhor Ator em Papel Coadjuvante (
Ned Beatty) - Vencedor:
Jason Robards, por "Todos os Homens do Presidente"
Melhor Cinematografia (
Owen Roizman) - Vencedor:
Haskell Wexler, por "
Esta Terra É Minha"
Melhor Montagem (
Alan Heim) - Vencedores: Richard Halsey e Scott Conrad, por "Rocky: Um Lutador"
Premi David di Donatello 1977:
Melhor Atriz Estrangeira (
Faye Dunaway), empatada com
Annie Girardot por
"Cours Après Moi ... que Je t'Attrape"
BAFTA Awards 1978:
Melhor Ator em Papel Principal (
Peter Finch)
Melhor Filme (
Joseph Janni e Edward Joseph) - Vencedores: Charles H. Joffe, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Ator em Papel Principal (
William Holden) - Vencedor: Peter Finch, por "Rede de Intrigas"
Melhor Atriz em Papel Principal (
Faye Dunaway) - Vencedora: Diane Keaton, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Ator em Papel Coadjuvante (
Robert Duvall) - Vencedor: Edward Fox, por "Uma Ponte Longe Demais"
Melhor Diretor (
Sidney Lumet) - Vencedor: Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Roteiro (
Paddy Chayefsky) - Vencedores: Marshall Brickman e Woody Allen, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Melhor Trilha Sonora (
Dick Vorisek, Jack Fitzstephens, James Sabat, Marc Laub e Sanford Rackow) - Vencedores:
Gerry Humphreys,
Les Wiggins,
Peter Horrocks,
Robin O'Donoghue e
Simon Kaye, por "Uma Ponte Longe Demais"
Melhor Edição (
Alan Heim) - Vencedores:
Ralph Rosenblum e
Wendy Greene Bricmont, por "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"
Nippon Akademī-shō 1978:
Melhor Filme em Língua Estrangeira (
Howard Gottfried) - Vencedores: Irwin Winkler e Robert Chartoff, por "Rocky: Um Lutador"
USA National Film Preservation Board 2000:
Registro Nacional de Filmes
Producers' Guild of America Awards 2002:
PGA Hall of Fame - Filmes Cinematográficos, empatado com
"Sob o Domínio do Mal"